Pintura de Edward Hopper (1882 - 1967) |
Edward Hopper
Não acredito que alguém possa me compreender.
Para isso ser possível deveria supor que esse alguém pudesse me conhecer,
pensar e sentir como eu. Mas eu sozinho já sou gente demais. Não sou numa única
direção, não sou inteiramente livre para isso. Mas, se pelo contrário, sou em
multi direções, quem pode estar em todas elas a não ser eu mesmo? O juízo do
outro sobre mim estilhaça-me por completo. Seu entendimento não é sobre mim,
mas apenas de um fragmento, ou sou por inteiro ou não sou. Se sou apenas o
agora, o entendimento do outro está sempre desatualizado. Se não nos mostramos
por completo, não em razão das máscaras sociais, mas em função de nossa própria
limitação, qualquer juízo será apenas um sintoma. Ainda assim, se sou daqueles
que se distanciam irremediavelmente da superfície para o profundo, para o
abismo e não encontre dentre os vivos, alguém a quem me sinta próximo, que
esperar daqueles que jamais sairam da superfície? Nada além de que estamos
destinados a incompreensão.
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