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Cena do filme O sétimo selo de Ingmar Bergman |
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Nietzschianas
Ao Alves de Aquino
I
Filhos do infinito
Espanta-me
saber
Que um em
infinito
Era minha
chance de nascer.
Desse
absoluto acaso
O encanto
supera a dor
Da
necessidade de morrer.
Existo,
fato acabado,
E por
mais me pese o fado,
Ao nada
prefiro o ser.
II
Fracassar
Não é
perder a sorte,
Ver o
Sonho destruído;
Fracassar
É, no
instante da morte,
Desejar
não ter nascido.
III
Prefiro
A
angústia dos homens
À
felicidade dos poodles;
As dores
do amor
Aos
analgésicos do tédio.
E quando
a vida deprime
Por não
ser boa nem bela…
Ainda
resta o Sublime.
IV
Estranho atrator (*)
Legiões
de excêntricos
Vagueiam
No limite
entre a ordem
E o caos.
Alguns se
mantêm
Na
fronteira
— Lá
ficam fisgando
Estrelas —
E muitos
transpassam
O umbral.
V
Os estoicos vencem a morte
Com a própria morte.
Elias Canetti
Vivi bem,
Ardentemente.
Feliz,
fui muito!
Hoje, sou
menos.
Por quê? —
Cansaço,
No peito
um sopro,
Essa
tristeza
De “pai
de morto”…
Hoje, bem
cedo,
Saí da
cama.
Em vez de
febre,
Sentia força.
Tomei
café
Com pão e
nata.
Faltei ao
médico
E disse: —
Basta!
Repetiria,
ó!
— Ad aeternum —
Todos os
gestos
Que fiz
na vida,
Cada
momento,
Com
regozijo;
Mesmo
este último:
Cruento e
fatídico.
Fui senhor
Da
própria vida,
Agora o
sou
Da minha
morte.
— Será assim
Que
partem os fortes?
Manuel S. Bulcão Neto
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(*) “Eu vos digo: é
preciso ter ainda caos dentro de si para poder dar à luz uma estrela dançante.
Eu vos digo: há ainda caos dentro de vós.” (NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra – um livro para todos e para ninguém. Trad.
Mário da Silva. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A., 1994, p. 34).
O Mundo é mau? Que piore!
ResponderExcluirViver é sofrer e eu vivo!
Diz-me o novo Imperativo:
Suporte! Ria! Não chore!
AO AMIGO BULCÃO, COM ADMIRAÇÃO